USP sediará centro de pesquisa em Inteligência Artificial sobre cidades inteligentes

Um novo centro de Inteligência Artificial, com pesquisadores de todas as regiões do Brasil, será instalado no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. O objetivo da iniciativa é fomentar o surgimento de cidades inteligentes no Brasil e no exterior, com foco em cinco aspectos: educação, mobilidade, meio ambiente, saúde e cibersegurança.

Coordenado pelo vice-diretor do ICMC, André de Carvalho, o novo Centro de Pesquisa Aplicada em Inteligência Artificial Recriando Ambientes (CPA IARA) está entre as seis propostas selecionadas em chamada lançada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Comitê Gestor da Internet (GCI.br). O anúncio dos novos centros aconteceu na terça-feira, 4 de maio, em evento presidido pelo ministro Marcos Pontes, do MCTI.

“A principal premissa do IARA é estimular a criação de cidades inclusivas e sustentáveis, em forte consonância com os objetivos de desenvolvimento sustentável definidos pelas Nações Unidas. Para isso, preconizamos o uso responsável dos modelos de Inteligência Artificial, de forma ética, justa, não preconceituosa e transparente”, explica Carvalho.

Segundo o professor, que é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), o IARA funcionará como uma rede, agregando pesquisadores de todas as regiões do Brasil, organizados em nós ou subsedes, localizados em diversas instituições de ciência, tecnologia e inovação. A rede IARA conta com a participação de cientistas das três universidades estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp) e de outros Estados, e de diversas universidades federais (entre elas, as sediadas em São Paulo: UFABC, UFSCar, Unifesp), assim como de institutos nacionais de pesquisa (Inatel, INPE e ITA) e do Centro Universitário Facens.

“A Inteligência Artificial é hoje uma área estratégica para qualquer país. Tendo sido uma instituição pioneira nas pesquisas em Inteligência Artificial desde a década de 1980, só posso afirmar que, no ICMC, estamos muito orgulhosos pela aprovação da proposta”, destaca a professora Maria Cristina Ferreira de Oliveira, diretora do instituto.

Ela revela que o coordenador do projeto tem sido uma importante liderança, em âmbito nacional, na articulação de pesquisas na área: “Esse centro, que agrega múltiplas instituições e uma equipe diversa e valorosa, é fruto da trajetória do professor André de Carvalho e, com certeza, será um importante catalisador para o desenvolvimento de soluções inovadoras, que façam frente aos problemas complexos que enfrentamos atualmente”.

Desafios do centro

Quais as melhores formas para lidar, de modo eficiente, e respeitando a privacidade, com dados de sensores e celulares que vêm em fluxos, em grande volume e com diferentes formatos? Responder a essa questão é um dos desafios que estão dentro do escopo de atuação do IARA.

O projeto pretende implementar, analisar e validar soluções em cidades dispostas a serem laboratórios abertos. O ponto de partida para as ações da rede IARA é um município localizado na região sudeste do Pará, que possui a maior província de mineração de ferro do mundo: Canaã dos Carajás.

Um convênio já foi estabelecido entre a Prefeitura Municipal da cidade e a Universidade Federal do Pará (UFPA), contando com a participação de pesquisadores da USP. A iniciativa visa a aportar recursos, num montante de R$ 6,2 milhões, do Fundo Municipal de Desenvolvimento Sustentável, para a implantação de uma sofisticada infraestrutura de cidade inteligente.

Além disso, a rede IARA já conta com a colaboração das seguintes cidades: Fortaleza (CE), Juazeiro (BA), Monteiro Lobato (SP), Niterói (RJ), Recife (PE), São Carlos (SP), São José dos Campos (SP) e Sorocaba (SP).

O centro também vai buscar desenvolver mecanismos para lidar, de maneira rápida e eficaz, com aplicações da área de aprendizado de máquina em larga escala, a fim de atender ao grande número de demandas por modelos nas várias aplicações em cidades inteligentes.

“Nossa meta é transformar, por meio de ferramentas tecnológicas aliadas a políticas sociais, os ambientes urbanos brasileiros, que se encontram em diferentes patamares tecnológicos e sociais, propiciando que as cidades ofereçam à sua população serviços eficientes e eficazes em áreas como educação, mobilidade, meio ambiente, saúde e cibersegurança”, afirma Carvalho.

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